Estudo desenvolve primeiro pavimento de alto desempenho com material reciclável utilizado no estado
14/02/2020 Foto: Assessoria de Imprensa/Rota do Oeste.
Começou a ser testado, no dia 11 de fevereiro, no processo de restauração da BR-364 um composto asfáltico elaborado a partir do reaproveitamento do fresado - material superficial removido das pistas durante o processo de recuperação do pavimento, que antes era descartado. Essa é a primeira vez que uma rodovia em Mato Grosso recebe pavimento de alto desempenho utilizando material reciclável.
Para atender especificamente as características das BRs 163/364 o composto foi desenvolvido pelo projeto de extensão tecnológica intitulado Estudo de Aproveitamento de RAP (Reclaimed Asphalt Pavements) em Regiões de Alta Temperatura e Tráfego Pesado.
O projeto é do curso de Engenharia de Transportes do Instituto de Engenharias da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e foi viabilizado por meio de um convênio de cooperação técnica e parceria entre a concessionário Rota do Oeste, a UFMT e a Fundação Uniselva, validado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), que administra o Programa de Concessão de Rodovias Federais.
Com foco na sustentabilidade, o projeto pesquisa novas tecnologias para massa asfáltica, sobretudo em serviços de restauração e pavimentação.
Durante os estudos, conduzidos pelos professores Ilce de Oliveira Campos, coordenadora geral do projeto, e Luiz Miguel de Miranda, coordenador técnico, ambos doutores em Engenharia de Transportes, foi constatado que é possível incluir até 30% do material já utilizado em novas massas asfálticas, garantindo a economia de agregados e ligantes, mantendo a mesma qualidade, desempenho e durabilidade da rodovia.
A equipe conta ainda com docentes e alunos do curso de Engenharia de Trasnportes que desenvolveram seus trabalhos no laboratório de controle tecnológico de pavimento da Rota do Oeste, levando em conta que as rodovias possuem intenso tráfego de veículos pesados durante todo o ano, com aumento no fluxo de veículos na época de escoamento da safra (que vai de janeiro a março).
A rodovia ainda sofre impactos causados pelas condições climáticas caraterísticas da região Centro-Oeste, com épocas bem definidas e divididas entre calor e chuvas intensas. O objetivo final é aplicar a tecnologia em futuras obras de implantação e restauração em todo o trecho sob concessão da BR-163, que vai de Itiquira (km 0) a Sinop (km 855).
“O projeto da Rota do Oeste é muito importante. Assim podemos implantar a ação no nosso estado. Nós vamos partir para os trechos experimentais justamente para testar, na prática, o que já constatamos dentro de laboratório. Até hoje não tínhamos uma destinação nobre para este resíduo e essa é a oportunidade de mudar esse cenário”, explica o professor Luiz Miranda.
O coordenador de Engenharia da Concessionária, Rheno Tormin, diz que, antes de ser reutilizado, o fresado passa pelos processos de beneficiamento e caracterização. “O material que é retirado acaba vindo em blocos grandes, então ele passa pela secagem, peneiramento, homogeneização, determinação da granulometria, densidade e teor de ligante”, detalha.
“Essa pesquisa tem três vieses que se somam. Eu, particularmente, me sinto agraciado por poder participar dela. Para a UFMT está sendo uma oportunidade de alongamento do conhecimento. Nós observamos a realidade atual e ficamos detentores de algo que é repassado para os alunos. A formação deles, depois dessa parceria, é muito superior ao que vínhamos fazendo”, afirma Miranda.
Regis de Bel, também professor do curso de Engenharia dos Transportes da UFMT, considera a ação um ganho. “Essa pesquisa, que é de ponta, é importante para todos, pois estamos falando da reciclagem da pavimentação asfáltica. Acredito que seja extremamente importante para a UFMT, pois os alunos podem se envolver por meio do estágio, gerando conhecimento, que é aplicado dentro de sala de aula, na disciplina de pavimentação”, destaca.
Já o encarregado da planta industrial na MT Sul, empresa responsável por preparar o asfalto que será aplicado no teste, João Paulo Vitoriano, disse que já trabalhou com reciclados fora de Mato Grosso, mas afirma que “com um estudo aprofundado assim, é a primeira vez”. Ele considera que a Concessionária está sendo desbravadora no assunto e acredita que o resultado tem tudo para ser satisfatório. “Não consigo classificar o maior ganho, ambos são importantes. toda porcentagem que se deixa de usar de matéria-prima para reaproveitar algo que seria descartado, já é um ganho. Tanto para economia, quanto para o meio ambiente”, fala.
Assessoria de Comunicação/Fundação Uniselva (Com informações da Assessoria de Imprensa da Rota do Oeste)
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