Construções indígenas em Mato Grosso são destaque em livro que reúne exemplos de habitações tradicionais de cinco continentes

  13/02/2020    

A habitação indígena presente em Mato Grosso, mais especificamente a casa Bakairi, com a arquitetura da edificação, bem como a tecnologia para construí-la, figura entre os métodos tradicionais de construção presentes no livro "Arquitetura Vernacular - Atlas para Viver em Todo o Mundo" (em tradução livre), publicado em inglês pela editora suíça Birkhäuser, que integra o hall de marcas da editora científica global De Gruyter, sediada em Berlim, Alemanha.
 
O ambiente construído pela população nativa do Brasil é descrita pelo arquiteto e urbanista José Afonso Botura Portocarrero, o único brasileiro e um dos dois convidados de toda América Latina entre os mais de 40 autores dos 32 capítulos sobre arquitetura vernacular na Europa, Ásia, Oceania, África e América, que muitas vezes remontam a centenas de anos, como a low german house ou casa baixa alemã, também conhecida como Fachhallenhaus, feita de madeira, combinando alojamentos e celeiro sob o mesmo teto, ou ainda a casa minka japonesa e as formas usuais das edificações encontradas no sul do Marrocos.
 

 

 

 

 

Livro reúne métodos tradicionais de construção da Europa, Ásia, Oceania, África e América (Imagem: Reprodução/De Gruyter).
 
Portocarrero é professor associado da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), onde atua como docente do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Faet (Faculdade de Arquitetura, Engenharia e Tecnologia) e coordena o Núcleo de Estudos e Pesquisas Tecnologias Indígenas (Tecnoíndia). Ele esteve, e está, à frente de diferentes projetos com a Fundação Uniselva, como a ampliação da Escola Sesc no Pantanal, em Poconé, a implantação da Usina Fotovoltaica, também no Sesc Pantanal, e a obra sustentável de um imóvel de 3 mil m2 de área construída da Agência de Fomento do Estado de Mato Grosso S/A (Desenvolve MT), no Centro Sul de Cuiabá.


 

  

 

 

 


Portocarrero pesquisa e trabalha com arquitetura indígena e tecnologia de construção em Mato Grosso (Foto: CAU-MT).
 
Ao receber o convite de Christian Schittich, organizador do livro, para escrever um capítulo sobre arquitetura indígena brasileira, o professor conta que ficou "muito contente" e ressalta que escolheu como exemplo a casa Bakairi para resgatar a memória e produzir o primeiro registro imagético da habitação. "O Karl von den Steinen [expedicionário alemão que esteve no Xingu em 1884 e 1887] viu essa casa e morou nela alguns dias. Ele descreveu a casa Bakairi muito interessantemente, mas ela nunca mais foi vista, nem desenhada ou fotografada. Então, peguei a descrição dele e fiz uma aproximação, primeiro com os meus desenhos e depois com a arte finalizada pelo José Maria Andrade. É uma casa grande, com cerca de oito metros de altura. Hoje, os Bakairi não fazem mais suas casas nessas dimensões e com essa descrição", explica.
 

 

 

 

 

 


Aproximação da casa Bakairi descrita por Karl von den Steinen (Arte: José Maria Andrade/Reprodução-Livro).
 
O livro está à venda no site da editora - www.degruyter.com.

Por Maicon Milhen | Assessoria de Comunicação/Fundação Uniselva
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