Projeto apoiado pela Uniselva sobre desigualdade de gênero foi um dos seis contemplados no mundo por instituto canadense

  11/05/2023    UFMT

Pesquisa que reúne 49 pessoas, entre elas pesquisadores da UFMT, criará plataforma de dados abertos sobre mulheres em STEM

Que existem mais mulheres do que homens no mundo, provavelmente você deve saber. Também deve conhecer a realidade do mercado de trabalho, em que os cargos de liderança ainda são predominantemente masculinos e que há diferenciação de salários entre homens e mulheres.

A desigualdade de gênero ainda é um desafio para a maioria dos países, tanto que entre os objetivos do Desenvolvimento Sustentável, estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU), o quinto se concentra nesta problemática: “Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas”.

Quando se observa a atuação de mulheres dentro de áreas como Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática – que podem ser definidas pelo termo em inglês STEM – essa desigualdade pode ser ainda maior. No entanto, mensurar essas diferenças e apontar dados que possam subsidiar a criação de políticas públicas para alcançar a igualdade de gênero pode ser um grande desafio.

E foi justamente pensando nisso que o projeto “Latin american open data for gender equality policies focusing on leadership in STEM”, executado pela rede de pesquisadores Ellas (Equality Leadership for Latin American STEM), pretende mapear estudos e políticas públicas sobre mulheres em STEM e disponibilizar estes dados para qualquer pessoa, por meio de plataforma de dados aberta ou “Linked Open Data”, como definiu o coordenador do projeto, professor Cristiano Maciel, do Instituto de Computação da UFMT.

“Esse projeto se baseia na premissa de que faltam dados da questão de gênero para subsidiar a criação de novas políticas públicas. A gente não sabe, por exemplo, quantas mulheres hoje ocupam cargos de liderança, quais são os principais problemas que essas mulheres enfrentam nas empresas e instituições de ensino e muitas outras questões”, apontou Cristiano.

Pensar nessa solução fez com que o projeto fosse um dos seis contemplados no mundo todo e o único escolhido na América Latina. A rede de pesquisa deste projeto é composta por 49 pessoas, de sete instituições diferentes e de três países: Brasil, Bolívia e Peru. O investimento é de mais de R$ 5 milhões, financiado pelo IRDC Canadá, que é um centro de pesquisa voltado ao desenvolvimento internacional, por intermédio da Fundação Uniselva, que é a fundação de apoio da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).

No primeiro ano de execução do projeto, que ocorreu em 2022, os pesquisadores atuaram nos estudos bibliográficos e no levantamento dos dados já existentes sobre a questão de gênero dos três países da América do Sul, para que futuramente eles possam constar, de forma sistematizada, na plataforma.

Já neste ano, o desafio é um pouco maior: aplicar um questionário com cerca de 120 questões, para aproximadamente 3.200 pessoas de cada um dos países envolvidos, tendo como público-alvo as mulheres que trabalham ou estudam na área de tecnologia.

“Um dos problemas vistos na maioria das pesquisas acadêmicas, é que costumam ser aplicadas para poucas pessoas. Este questionário, que a gente chama de ‘survey’, será aplicado em larga escala, o que nos dará uma visão mais ampla da desigualdade de gênero. A ideia é que os dados provenientes do survey constem nesta plataforma”, explicou o coordenador do projeto.

E paralelo a essas atividades, a plataforma está sendo desenvolvida desde o início do projeto e quando estiver pronta será disponibilizada no formato de um site que concentrará todas as informações relacionadas às mulheres em STEM, sejam elas colhidas pelos envolvidos nesta pesquisa ou aquelas provenientes de outras pesquisas e obras literárias, constando a fonte de todas elas.


Equipe Ellas durante workshop realizado em 2022, na UFMT

Encontros

Cristiano lembrou que o projeto foi desenvolvido em meio à pandemia do Covid-19. Logo, os encontros online – que ocorrem até hoje - resolveram dois problemas: a exposição à doença e a distância geográfica entre os pesquisadores dos três países.

No entanto, os encontros presenciais foram pensados para também acontecerem como uma forma de troca de experiências e conhecimento entre os participantes. O primeiro foi realizado no ano passado, na UFMT e o próximo, programado para acontecer em setembro, será em Lima, no Peru.

“Acho que o grande diferencial deste encontro será o fato de que não teremos apenas professores e consultores, mas teremos estudantes de todos os países envolvidos, que serão contemplados por bolsas para custear a viagem. Então será um momento de muita troca”, pontuou o professor.

Além da UFMT, integram o projeto pesquisadores da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Universidade Federal Fluminense (UFF), Universidade Federal Santa Catarina (UFSC), Universidad Mayor de San Andrés (Bolívia), Universidad Católica Boliviana San Pablo (Bolívia) e Universidad de Lima (Peru).

Para saber mais informações sobre o projeto, acesse: www.instagram.com/ellas.network.

Por Assessoria de Comunicação/Fundação Uniselva
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